Diz-se que “De Espanha, nem bom vento, nem bom casamento”, mas a verdade é que o país tem muitas coisas que vale a pena ir contra o ditado popular. E Mundaka é uma delas.
Localizada no País Basco, esta pequena vila piscatória, posicionada em frente ao Golfo de Biscaia, alia tanto de cultura como de beleza natural.
Mas, na verdade, o que me levou lá foi mesmo o surf.
Estamos a falar de uma onda de qualidade mundial, onde, até há pouco tempo, realizavam provas do circuito mundial. O seu posicionamento face ao golfo, recebendo toda a ondulação gerada naquele local, e o facto de estar na boca de um estuário, faz com que Mundaka seja conhecida pela sua onda que quebra para a esquerda sob um banco de areia.
Durante grande parte da minha vida sempre ouvi falar de Mundaka, da onda que por vezes chega a atingir os quatro metros, das correntes difíceis causadas pelo estuário… Enfim, digamos que é uma onda para crescidos.
Por isso, quando visitei a vila, a caminho de uma viagem a Biarritz, e vi que o mar estava pequeno, um arrepio instalou-se na barriga. Não estou a falar de borboletas… Estou a falar de morcegos a baterem as asas furiosamente!
Tinha que surfar ali!!
Enchi-me de coragem, desci do paredão e fiz-me ao mar. Durante uma hora, ambientei-me, fiz tentativas (muitas!), apanhei umas ondas. Mesmo pensando que a qualquer altura o mar ia subir e não iria saber o que fazer.
Com a maré a começar a vazar, começavam-se a sentir as correntes a puxarem para fora. Estava na hora de abandonar o mar e requereu toda a minha força de remada para acertar com o ponto de saída e não acabar por ser arrastada para o porto de pesca.
Sai e fiquei com o sentimento de missão cumprida.
Nunca mais voltei a Mundaka, mas nunca esqueci que pelo menos naquele dia tive o meu momento de glória. Tive sorte. Apanhei o dragão adormecido. 
E agora vocês: já alguma vez tiveram que vencer os vossos medos? Partilhem na caixa de comentários.
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